quarta-feira, agosto 05, 2009

Coisas dos Tempos Modernos...

Ora muito bom dia caros leitores (são necessários pelo menos 2 leitores para que possa usar o plural),

Hoje venho contar-vos algo que presenciei um dia da semana passada na Loja do cidadão no Porto (o lugar apenas tem significado por se tratar de um lugar publico e frequentado por pessoas dos 8 aos 80).

Depois de "apenas" 6 meses a aguardar um papelinho que me autorizava a levantar o meu CC (Cartão Cidadão) lá fui eu todo contente para o Porto. O meu contentamento devia-se ao facto de saber que ia ter que esperar cerca de 2h para que chegasse à minha vez, e como todos sabemos, esperar é algo que faz qualquer pessoa muito feliz.

Bem, lá cheguei eu às 10h, e tirei a minha senha. Numero 86 era o meu ticket, e ia já estava a ser atendido o 37.
Passados 15minutos ia já no numero 48. Mais 15 minutos e ia no 56. 10 minutos mais e chegou ao numero 64.
Depois não sei se foi pura coincidência e se estou a ser preconceituoso ou injusto, mas quando chegou à hora em que algumas trabalhadores são privilegiados e podem fazer uma pequena pausa para "trincar" qualquer coisa (isto por volta das 10h45) demorou 45 MINUTOS até chegar ao numero 66. Pois é... 45 pequenos minutos para atender 2 pessoas... Eu deduzi que os funcionários tinham ido tomar o pequeno almoço à foz, e como era um dia de muito trânsito é perfeitamente "normal" que demorassem tanto tempo. E nós, mais de 50 simples e humildes, aguardamos pacientemente e sem protestar que essa "normalidade" chegasse ao fim e os numeros continuassem a fluir com mais rapidez.


Entretanto enquanto esperava consegui encontrar uma coisa muito, muito, mas mesmo muito dificil: Um lugar para sentar! Desconfortável é certo, mas também não se pode ter tudo.

Passados alguns momentos reparei que uma rapariga dos seus 19 anos (até bastante bonita) se voltava repetidamente e olhava para mim. Não sei se me achou bonito e não conseguia tirar os olhos de mim, ou se estaria a ver quando um lugar ficaria vago. A verdade é que se veio sentar ao meu lado, pois foi o lugar que ficou vago...
Algums minutos passados, uma voz de senhora espalhou-se por todo o andar saindo das colunas embutidas no tecto e avisava que "Devido à grande afluência de publico alguns serviços iriam para a distribuição de senhas".
A rapariga que se tinha sentado ao meu lado estava a ouvir musica com os fones que estavam ligados ao telemóvel (coisas da moda) e não ouviu o que "o tecto" avisou. Ela tirou o fone do ouvido direito, isto porque estava sentada à minha esqueda, e perguntou-me: "O que é que a gaja disse?"
Oh meus amigos.... a "GAJA"??? eu não estou habituado a estas coisas... os "jovens" hoje em dia já não usam os termos Senhora, Mulher ou até simplesmente Ela??
Mas pronto, eu lá repeti o que a "Gaja" tinha dito e ela voltou a ouvir musica.

Nem 5 minutos passados entram 2 rapazes (deviam ter 16/17 anos) para verificar que numero estava a ser atendido e pelo que percebi eles seriam o numero 181 e a contagem ia no 80 e qualquer coisa. O que ia à frente olhou para o quandro eletronico e exclamou em alto e bom som: "Ò puta deita-te. Ainda vai aqui?", pelo que o outro retorquiu: "Ò moço não vou ficar aqui à espera. Vou mas é até lá fora fumar mais um cigarro".

A conotação da palavra usada não era de forma nenhuma ofensiva para nenhum dos presentes(ao qual normalmente é associada), mas a verdade é que o vocabulário hoje em dia está um pouco "perdido" e limitado. Os clichés são cada vez mais usuais e o "dom da palavra" tem-se vindo a perder.

E assim me despeço de todos os gajos e gajas que leram este post que tenho a certeza que irá enriquecer a vossa mente.

Au revoir